Os atentados violentos contra as instituições são absolutamente inadmissíveis e devem ser combatidos de maneira incisiva
Por José Américo Moreira da Silva
As sementes da erva daninha do extremismo de direita, que germinaram nos atos inomináveis do 8 de janeiro de 2023, continuam a florescer em nosso terreno social, alimentadas por um solo fértil que abriga pautas de costume e um negacionismo científico e cultural cada vez mais presente. Para que uma sociedade prospere, é imprescindível que a ciência e a cultura se elevem acima das disputas políticas. Somente assim, a economia poderá se desenvolver de forma sustentável, sustentada por uma base sólida que é a cultura e o conhecimento de seu povo.
Os atentados violentos contra as instituições são absolutamente inadmissíveis e devem ser combatidos de maneira incisiva. O episódio de 8 de janeiro deixou uma marca indelével em nossa história, e embora muitos responsáveis tenham sido punidos, a justiça ainda carece de alcançar os principais protagonistas desse ato criminoso.
Recentemente, um novo atentado, que resultou na morte de um terrorista, ocorreu ontem na Praça dos Três Poderes, em Brasília, reforçando a gravidade da situação. Este desfecho trágico não apenas ecoa os horrores do 8 de janeiro, mas também serve como um alarmante aviso de que tais atos podem incitar novos episódios de violência. O que está em jogo é uma corrida contra o tempo: se antes não nos preocupamos suficientemente com o terrorismo em nosso país, agora é imperativo que façamos nosso dever de casa. Isso inclui investimentos robustos em inteligência policial, algo que, lamentavelmente, ainda ressoa como um tabu nas nossas combalidas forças armadas.
É vital que movimentos políticos extremistas, que possuem representação no Congresso, sejam monitorados de perto. Somente assim poderemos antecipar o “cheiro do vento” que sinaliza a presença e a mobilização de seus seguidores nas ruas.
Durante a última eleição municipal, o ex-presidente Bolsonaro trouxe à tona a questão da segurança das urnas, um tema que ele sabe muito bem que serve como um ‘comando’ para que seus seguidores se mobilizem contra o Supremo Tribunal Federal e seu desafeto, o ministro Alexandre de Moraes. Esse comportamento, que visa acirrar ânimos e fomentar a violência, deve ser evitado a todo custo, independentemente de qual lado do espectro político se esteja.
Enquanto não nos empenharmos em erradicar esse tipo de retórica incendiária, estaremos suscetíveis a novos atentados e a consequências ainda mais devastadoras do que podemos imaginar. O fanatismo, infelizmente, é um solo fértil para a disseminação de tragédias, e é nosso dever, enquanto cidadãos, lutar contra essa cultura de violência e intolerância que ameaça a própria essência da democracia.