Lula (PT) mostrou na última quarta-feira (31) porque é considerado por muitos o maior político da história do Brasil. Atropelou o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista), e aprovou a MP que reorganiza os ministérios sem passar pelo crivo do parlamentar.
Lira se acostumou a uma relação construída na base da chantagem com o antecessor Jair Bolsonaro (PL). Nos cinco primeiros meses de governo Lula tentou fazer o mesmo e se aproveitou que o presidente bateu recorde de viagens internacionais para colocar a administração contra a parede.
Mas Lula não é Bolsonaro e jamais aceitaria virar um presidente decorativo para o Congresso. Focado, ele passou por cima de Lira e foi direto às fontes de negociação: os próprios parlamentares. Aprovou a MP com diálogo e com as contrapartidas que o presidencialismo de coalizão exige, mas sem contar com o ex-chefão do Orçamento Secreto.
Se um dia antes, o governo estava emparedado, agora o jogo virou. Lula mostrou uma capacidade de articulação rara e deixou o presidente da Câmara com as calças nas mãos. Se o governo não precisa de Lira para negociar os projetos junto aos deputados, precisa para quê?
O dia começou cheio de nuvens, raios e trovões para a presidência, mas terminou brilhando num belo raio de sol. Já Lira, que viu seu poder diminuir desde janeiro, agora parece notar que a barganha é diferente e terá de se reagrupar.
Para ele, o melhor é falar a língua do PT e permanecer no grupo, afinal o próximo passo é ser descartado. Lembrando que daqui dois anos, o deputado sai da cadeira da presidência e pode ser esquecido se não estiver na base governista.
Lula deu um nó tático em Lira, que precisa agir. Dizer que é xeque-mate ainda é cedo. Mas o movimento do presidente foi de fazer inveja ao melhor enxadrista.
Fonte: Política Nacional