O número de mulheres empreendedoras vem crescendo no Brasil: a última pesquisa do Sebrae, feita com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, no terceiro trimestre do ano passado, havia 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país, mais de 34% dos empreendedores.
Porém, apesar de liderarem em números, mulheres empreendedoras lidam com mais obstáculos na criação e gestão de seus negócios. E, quando se fala na mulher negra empreendedora, os números falam por sim: praticamente metade das mulheres donas dos seus próprios negócios são negras, de acordo com outra pesquisa do Sebrae.
Mas empreender para uma mulher é diferente de como é para um homem: para elas, muitas vezes criar seu negócio é pura necessidade. Com a falta de oportunidades para ascensão no mercado de trabalho formal, mulheres negras veem no empreendedorismo a única forma de subsistência.
Mas às vésperas do Dia do Empreendedorismo Feminino (19/11) e do Dia da Consciência Negra (20/11), empresárias como a designer de interiores Amanda Glória vêm para provar que talento e dedicação precisam vir antes de raça e gênero.
Após trabalhar por muito tempo em um escritório de arquitetura, ela decidiu seguir sua paixão pelo design de interiores e abrir sua empresa. Com o seu nome estampado no logo e no feedback dos clientes, Amanda relembra uma trajetória que nem sempre teve espaço para suas ideias:
“Precisei enfrentar estereótipos e preconceitos que muitas vezes subestimavam a minha capacidade profissional. Sempre senti que precisava me destacar mais para demonstrar a minha competência, em uma sociedade que ainda valoriza menos o trabalho das mulheres, principalmente as negras”.
Ancestralidade
Na luta por conquistar um lugar no mercado, Amanda buscou se destacar pela qualidade de seus projetos, sua criatividade e sua dedicação em proporcionar ambientes incríveis para seus clientes. E ela faz questão de carregar suas origens nos projetos que cria.
“Eu tenho muito orgulho da minha ancestralidade, eu a carrego no meu sangue e em tudo o que me proponho a fazer. Ser uma empreendedora negra em um País como o Brasil, que pouco espaço dá para que possamos sair do estigma de inferiorização, é lutar todos os dias por uma valorização. E a minha carreira carrega minha identidade não só como mulher negra, mas como empresária”. O próprio nome Glória, herdado da tataravó, demonstra como Amanda faz questão de seguir os passos da família: “Ela, como mulher negra, é referência na minha trajetória, e carregar o nome dela é muito significante para a minha própria história”.
Amanda afirma ainda que é preciso criar políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo da mulher negra, como cursos e mentorias. “Para profissionais negros, às vezes, o que falta é acreditar e apostar em seus potenciais e habilidades. É preciso criar ações concretas para inclusão e valorização da diversidade dentro do cenário corporativo”.
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Fonte: Mulher