PA: indígenas são baleados e presos após invasão de produtora de óleo

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Imagens das câmeras de segurança no momento da invasão e queima dos maquinários
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Imagens das câmeras de segurança no momento da invasão e queima dos maquinários

Um confronto entre indígenas e funcionários da empresa Brasil BioFuels (BBF) em uma área de exploração de dendê, no município de Tomé-Açu (PA), deixou pelo menos dois indígenas do povo Tembé baleados nesta segunda-feira (7). Segundo a BBF, o conflito ocorreu após a invasão de uma área particular e a destruição de maquinários que pertencem à empresa. Lideranças indígenas, porém, dizem ter sofrido atentado por parte de seguranças da empresa na última segunda (4) dentro da aldeia. Conflitos na região ocorrem desde o ano passado. Entenda:

O confronto entre povos da etnia Tembé-Açu e representantes do setor priv ado de extração e produção de energia vegetal tem se tornado cada vez mais violento. Indígenas acusam a empresa Brasil BioFuels, que produz “óleo de dendê” para a produção de biodiesel, de se apropriar de um território que seria de direito dos povos originários, além de causar danos ambientais negativos com a monocultura extrativista.

A BBF divulgou as imagens das câmeras de segurança a afirmou que já tomou as medidas jurídicas contra os “invasores”. Assista:

A associação dos indígenas Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) divulgou o caso em suas redes sociais e afirmou que as duas lideranças foram baleadas “por seguranças da empresa” e que outras duas pessoas estariam desaparecidas.

Indígenas são baleados após conflito em sede de empresa de Biodiesel no Pará
Reprodução

Indígenas são baleados após conflito em sede de empresa de Biodiesel no Pará

“A FEPIPA, COIAB e APIB exigem justiça! Lideranças do povo Tembé são baleadas e presas, no mesmo período que o Mundo está com as atenções voltadas para o encontro dos presidentes e autoridades dos países amazônicos, a ‘Cúpula da Amazônia’, e o movimento indígena pede o fim das violências”, diz a denúncia.

Após a invasão, a Polícia Militar foi acionada e duas lideranças indígenas foram detidas. As prisões revoltaram um grupo, que se reuniu em protesto em frente à delegacia da Polícia Civil local, que teve que chamar a tropa de Choque para conter a confusão.

Protesto em delegacia de Tome-Açu, após prisão de lideranças indígenas da etnia Tembé-Açu do Pará
Apib/Redes Sociais

Protesto em delegacia de Tome-Açu, após prisão de lideranças indígenas da etnia Tembé-Açu do Pará



Início dos conflitos em meio à “Cúpula da Amazônia”

Os conflitos teriam começado ainda na sexta-feira (4), quando um indígena foi baleado na aldeia “Bananal”. De acordo com a Associação Indígena “Tembé do Vale do Acará”, a comunidade alegou que havia um “ostensivo grupamento de policiais militares, no dia 4 de agosto”, próximo à aldeia.

A associação informou que o Ministério Público Federal (MPF) alegou desconhecer a origem dos disparos, mas que estes foram feitos “por policiais militares ou seguranças privados da empresa exploradora de ‘dendezais’ na região”.

A Secretária de Estado dos Povos Indígenas do Pará informou à publicação que toma providências e acrescentou que a região vive “constante conflito”. Em 24 de setembro de 2022, líderes comunitários denunciaram o assassinato de uma pessoa não indígena e dois indígenas Turiwara no município de Acará, no estado do Pará.

As comunidades atribuíram os ataques a “guardas de segurança privados contratados pela BBF”. À época, o maior produtor de óleo de palma do Brasil, que enfrenta diversos processos ambientais negou as acusações dos assassinatos.

Em 24 de setembro de 2022, líderes comunitários denunciaram o assassinato a tiros de um indivíduo não indígena e dois indígenas Turiwara no município de Acará, no estado do Pará e atribuíram a equipes de segurança da BBF
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Em 24 de setembro de 2022, líderes comunitários denunciaram o assassinato a tiros de um indivíduo não indígena e dois indígenas Turiwara no município de Acará, no estado do Pará e atribuíram a equipes de segurança da BBF

A reportagem do portal iG entrou em contato com a BBF, que informou que um grupo de indígenas invadiu a sede da empresa, vandalizou edificações e incendiou equipamentos. Segundo a empresa, a “equipe de segurança privada da companhia conseguiu conter a ação criminosa e resguardar a vida dos trabalhadores que estavam no local”.

Nota na íntegra

“O Grupo BBF (Brasil BioFuels) esclarece que o Polo de Tomé-Açu, propriedade privada da empresa, composto pela Agrovila, Administração Geral e Áreas de Infraestrutura, foi invadido mais uma vez, na manhã de segunda-feira (7), quando teve equipamentos incendiados e edificações destruídas.

Na ação, cerca de 30 invasores armados ameaçaram e agrediram trabalhadores da empresa, antes de incendiar dezenas de tratores, maquinários agrícolas e edificações da companhia. A equipe de segurança privada da companhia conseguiu conter a ação criminosa e resguardar a vida dos trabalhadores que estavam no local.

A empresa tomou as medidas jurídicas cabíveis junto ao poder judiciário, solicitou o apoio aos órgãos de segurança pública do Estado do Pará e aguarda uma rápida solução do caso.

O Grupo BBF reforça que cumpre todas as legislações vigentes e realiza o cultivo sustentável da palma de óleo apenas em áreas degradadas pelo desmatamento até dezembro de 2007, seguindo o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, decreto 7.172 do Governo Federal de 2010. A companhia reforça ainda que atua em cinco estados da região Norte, gerando mais de 7 mil empregos diretos e seu modelo de negócio atua na recuperação de áreas degradadas, preservação de áreas de floresta nativa e desenvolvimento socioeconômico” .

Fonte: Nacional

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