Proibição de celulares nas escolas gera debates e divide opiniões

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Governo de SP bloqueou acesso ao TikTok, Instagram e outros apps nas escolas estaduais
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Governo de SP bloqueou acesso ao TikTok, Instagram e outros apps nas escolas estaduais

O Governo do Estado de São Paulo bloqueou, a partir de fevereiro, o uso de redes sociais e serviços de streamings nas escolas estaduais, tanto para alunos quanto para funcionários. A resolução foi divulgada três dias depois da portaria que proíbe celulares nas escolas municipais da cidade do Rio de Janeiro e segue uma tendência mundial.

Em julho de 2023, a Unesco publicou um relatório que alerta para o uso excessivo de tecnologias como smartphones e computadores na educação, afirmando que os benefícios que eles trazem desaparecem quando são usados em excesso ou sem a orientação de um professor. Em razão disso, alguns distritos dos EUA passaram a exigir que os alunos guardem os dispositivos em mochilas, armários ou em bolsas com fecho magnético durante as aulas. Já na Europa, países estão proibindo total ou parcialmente o uso, com iniciativas partindo dos próprios responsáveis pelas crianças, e não dos governos.

Para Arthur Buzatto, presidente da Escola Vereda, a questão é mais complexa do que parece. Ele aponta que a tecnologia se tornou uma realidade nas escolas, mas também ressalta a necessidade de garantir o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos. “O que todo mundo quer é que as crianças tenham ambientes que colaborem para o seu crescimento. E estamos tendo dificuldades coletivamente. Precisamos debater, enquanto sociedade, quais seriam as medidas justas para que a inclusão e o letramento tecnológico aconteçam sem prejuízo da socialização e do aprimoramento de capacidades previstas para a infância e a adolescência. Não podemos esperar que o equilíbrio aconteça naturalmente”.

Proibir resolve?

Instituições de ensino dos EUA que adotaram medidas proibitivas com punições para os jovens infratores anos atrás já passaram por um período de questionamento, debate e revisão de suas políticas. Alguns colégios desistiram de regras muito restritivas, mas outros voltaram atrás e baniram as telas novamente. Isto porque a dificuldade em aplicar as punições e fazer valer o regramento pode desencadear uma série de medidas delicadas e ineficazes. Além disso, o protesto de adolescentes pressiona as instituições de ensino no caminho oposto: o da integração e do acolhimento, sobretudo em casos de cyberbullying, assédio virtual, vício ou outras questões que podem afetar a saúde mental e a socialização.

“Se não criarmos regras rapidamente, muito estrago pode acontecer. Por outro lado, proibir de forma integral me parece também uma perda de oportunidade das escolas de chegar a um equilíbrio para compatibilizar as contradições e necessidades do desenvolvimento infanto-juvenil. A escola é um espaço de educação, por óbvio. Com a regra autoritária, é como se esse espaço estivesse se furtando do compromisso de ajudar o estudante a aprender, lidar com as questões da vida e encontrar seu ajuste”, reflete Buzatto.

Algumas escolas já adotaram o modelo de autorização parcial: dentro das salas e em período de aulas, os dispositivos móveis pessoais não podem ser utilizados de nenhuma maneira. Já na hora do intervalo, é permitido. No entanto, os alunos se deparam com cartazes espalhados nas paredes, com informações de qualidade sobre saúde mental e alertas, além de espaços para conversas e instruções.

Segundo o diretor, uma alternativa é disponibilizar, por exemplo, mesa de pingue-pongue e pebolim no pátio, fazer gincanas de convivência, tocar música, liberar a quadra para esportes durante o intervalo… “O estudante pode utilizar o celular, resolver alguma coisa com os familiares, enfim. Mas, ao mesmo tempo, ele vai perceber que outras coisas estão acontecendo ao redor. O grande objetivo como instituição é aproveitar oportunidades para educar: a tecnologia está onipresente, e a gente quer que as crianças se desenvolvam de maneira saudável”, finaliza ele.

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Fonte: Mulher

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