Qual a posição do Brasil diante dos últimos grandes acontecimentos

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante Cúpula Virtual Extraordinária do BRICS
Ricardo Stuckert / PR – 21.11.2023

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante Cúpula Virtual Extraordinária do BRICS

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Brasil “voltou a ter um governo que trabalha e é referência positiva no mundo” após se reunir com o mandatário alemão, Frank-Walter Steinmeier. Além das viagens oficiais para reuniões bilaterais com líderes de outras nações, o petista também tem se posicionado em relação aos últimos grandes acontecimentos, como a guerra entre Israel e o Hamas, no Oriente Médio.

Logo após o ataque surpresa do Hamas contra o território israelense, em 7 de outubro, Lula usou as redes sociais para se manifestar contra o atentado, dizendo que o Brasil é o atual presidente do Conselho de Segurança da ONU e que não pouparia esforços para conter a crise. Na ocasião, ele reafirmou que a posição da diplomacia brasileira é de manutenção de dois estados: Palestina e Israel.

Ele também fez um apelo à comunidade internacional para que as negociações para um acordo de paz fossem retomadas.

No fim do mesmo mês, durante uma edição do programa “Conversa com o Presidente”, Lula disse que o “ato terrorista” cometido pelo Hamas contra Israel no dia 7 de outubro não dá ao país o direito de “matar milhões de inocentes”.

O presidente disse, ainda, que o Brasil fez “o que era possível fazer” a respeito da guerra, que era propor negociações internacionais.

Pouco antes, o governo brasileiro havia apresentado uma proposta de resolução alternativa no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), sugerindo a criação de um corredor humanitário em Gaza e um cessar-fogo para permitir o atendimento de civis na região. A ONU, no entanto, rejeitou a resolução. Foram 12 votos a favor, um voto dos Estados Unidos apresentando a rejeição, e duas abstenções, da Rússia e do Reino Unido.

Em 25 de outubro, ao falar sobre as mortes na Faixa de Gaza, em decorrência de bombardeios por parte de Israel, Lula disse que o conflito “não é uma guerra, é um genocídio”, em referência às crianças mortas em Gaza.

“É muito grave o que está acontecendo do Oriente Médio, não se trata de discutir quem está certo e errado, quem deu o primeiro tiro, quem deu o segundo, o problema é que não é uma guerra, é um genocídio”, disse ele durante evento no Palácio do Planalto.

No mês seguinte, o chefe do Executivo brasileiro voltou a criticar a violência na Faixa de Gaza e disse que, assim como o Hamas, Israel “também está cometendo vários atos de terrorismo” contra a população que mora na região.

O presidente já havia feito diversas críticas a Israel durante um pronunciamento em um evento em Brasília no mesmo dia. Depois das declarações, a Confederação Israelita do Brasil publicou uma nota repudiando as falas do petista e dizendo que elas foram “equivocadas e perigosas”.

“Desde o começo dessa trágica guerra, provocada pelo mais terrível massacre contra judeus desde o holocausto, Israel vem fazendo esforços visíveis e comprovados para poupar civis palestinos, pedindo que eles se desloquem para áreas mais seguras, criando corredores humanitários, avisando a população da iminência de ataques”, afirmou o órgão em comunicado.

Em meio às críticas, Lula falou com o presidente de Israel, Isaac Herzog, por telefone. Na ocasião, segundo informações do Palácio do Planalto, Herzog pediu a Lula que reforçasse seu apelo para que reféns fossem libertos pelo Hamas.

Mais tarde, enquanto Israel e o Hamas negociavam a trégua temporária para a libertação de prisioneiros palestinos e de reféns do grupo extremista islâmico, o presidente criticou a demora pelo acordo . Momentos antes, porém, elogiou a negociação e pediu uma solução ‘duradoura’ para o conflito.

“Quero saudar o acordo anunciado hoje entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns em troca de uma trégua temporária de quatro dias e da libertação de prisioneiros palestinos. Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina”, afirmou Lula durante reunião da cúpula do G20.

Mais recentemente, após dias de cessar-fogo temporário, o mandatário elogiou o papel do Catar na mediação da guerra, dizendo que o país “é um ator diplomático relevante graças a sua política externa de perfil ativo e independente. É um interlocutor-chave em vários temas de amplitude regional e global.”

Além do conflito Israel-Hamas, as falas de Lula sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia também despertou reações por parte dos países.

Em abril deste ano, o mandatário condenou as ações russas após a invasão ao território ucraniano, dizendo que o país liderado pelo presidente Volodymyr Zelensky é a “grande vítima da guerra”, em entrevista ao canal de notícias português RTP.

“Há uma posição muito clara: o Brasil condenou a Rússia por invadir o espaço territorial da Ucrânia, ponto. […] O que o Brasil não quer é se alinhar à guerra. O Brasil quer se alinhar a um grupo de países que precisa trabalhar para construir a paz”, disse Lula.

A declaração, no entanto, aconteceu após algumas falas de chefe do Executivo provocarem reações negativas na comunidade internacional. O petista vinha sido acusado de estar favorável à Rússia após dizer que os dois países são culpados pelo conflito.

Com isso, algumas das falas de Lula despertaram reações negativas por parte de Zelensky, que já foi a público dizer que o petista concorda com as “narrativas” de Vladimir Putin, presidente da Rússia, depois de o petista ter dito que nem Zelensky e nem Putin têm declarado que querem negociar o fim da guerra.

No fim de maio, Lula e Zelensky tentaram se encontrar, mas o petista divulgou que a reunião não aconteceu porque o ucraniano se atrasou e não apareceu depois para conversar. À época, ele disse ter ficado “chateado”.

No começo de junho, porém, Zelensky disse que queria se reunir com o mandatário brasileiro para ouvir as propostas dele para o fim da guerra, mas que o petista “não havia achado tempo” para re reunir com ele. Segundo Zelensky, o desencontro entre eles durante a cúpula do G7, no Japão, “definitivamente” não foi causado pelo governo ucraniano.

Os líderes finalmente conseguiram se encontrar no fim de setembro, em Nova York, nos Estados Unidos, um dia após a abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Depois, em entrevista a jornalistas, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que houve um “entendimento mútuo” entre os mandatários e classificou o tom da reunião com muito amistoso.

“Foi um encontro muito importante, houve um entendimento mútuo muito bom, ambos os presidentes deram instruções aos seus ministros de relações exteriores para continuar trabalhando em temas bilaterais e multilaterais e continuar discutindo a questão da paz”, resumiu Vieira.

Após o encontro com Zelensky, a expectativa é que Lula ainda se reúna com Putin. À época, Vieira disse que o canal de comunicação entre o Brasil e a Rússia está aberto. “Olha, o presidente Lula já se encontrou inúmeras vezes, no passado, com o presidente Putin. Se houver a condição, se houver essa possibilidade, eu não tenho dúvida que se encontrarão”, afirmou o ministro.

Nessa segunda-feira (4), o petista revelou que vai convidar Putin, para participar da reunião da cúpula do G20 no Brasil, que ocorrerá no ano que vem.

“Se o Putin vai ou não, ele vai ser convidado. Ele tem um processo, ele tem que aferir as consequências. Não sou eu que posso dizer”, comentou.

Putin é alvo de um mandado de prisão expedido em março de 2022 pelo TPI (Tribunal Penal Internacional). A Rússia não tem assinatura no estatuto da Corte, no entanto, o Brasil tem. Isso significa que, caso o presidente russo viaje ao Brasil, ele poderá ser preso.

Em setembro, Lula disse que Putin poderia viajar ao Brasil porque não seria preso. Porém, após receber críticas, mudou o discurso e deixou claro que a decisão de prisão era da Justiça.

A relação conturbada entre os países detentores das duas maiores economias do mundo também foi alvo das falas de Lula.

Em abril deste ano, o petista esteve em Pequim para se encontrar com o mandatário chinês, Xi Jinping, e, à época, cobrou de forma veemente os EUA e pediu para que o país pare de “incentivar a guerra e comece a falar em paz”, saindo em defesa dos chineses.

Ao final da visita a Pequim, o representante brasileiro atacou os norte-americanos.

“Eu acho que a China tem um papel muito importante, possivelmente seja o papel mais importante [em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia]. Agora, outro país importante são os Estados Unidos. Ou seja, é preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz, para a gente convencer o Putin e o Zelenski de que a paz interessa a todo mundo. A guerra só está interessando, por enquanto, aos dois”, apontou.

Quando questionado, no entanto, se esperava uma reação negativa norte-americana à reativação da parceria com Pequim, Lula foi enfático e garantiu que “não há nenhuma razão para isso”.

“Quando eu vou conversar com os EUA, não fico preocupado com o que a China vai pensar da minha conversa. Estou conversando sobre os interesses soberanos do meu país. Quando venho conversar com a China, também não estou preocupado com o que os EUA estão pensando. Estou conversando sobre os interesses soberanos do Brasil”, concluiu.

Fonte: Internacional

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