Queda Livre: Lourenço de Bem inaugura exposição dia 26/10 na 508 sul em Brasília

Cultura

O artista, acostumado a criar na solitude de seu atelier, acabou por inventar seres que representam os habitantes de seu universo íntimo e particular – e que agora estão disponíveis para o público

Fotos: Divulgação



O artista Lourenço de Bem inaugura, no dia 26 de outubro, a exposição Queda Livre na Galeria Rubem Valentim do Espaço Cultural Renato Russo. A mostra conta com 300 esculturas antropomorfas e modulares, de diferentes tamanhos, dimensões, posturas e arranjos. “Durante esses vinte anos, desenvolvi uma metodologia muito particular”, explica o artista. As esculturas, feitas a partir de uma massa com base de papel, trazem a inventividade de Lourenço ao ousar com a mistura de outros elementos. “Comecei a botar outros produtos da construção civil na massa para diminuir a rugosidade do papel quando seca, essas coisas”, acrescenta.

O artista, acostumado a criar na solitude de seu atelier, acabou por inventar seres que representam os habitantes de seu universo íntimo e particular – e que agora estão disponíveis para o público. As obras serão dispostas pela galeria até que se tornem uma só, demonstrando que não existe vida sem comunidade. Espiritualizado e conectado com a natureza, Lourenço de Bem expressa, por meio de suas esculturas, reflexões contemporâneas sobre a finitude humana, o belicismo incorporado na sociedade atual e, ainda, a necessidade de conexão que todos possuem.

A composição das esculturas pode suscitar diversos significados, provocando a associação livre no público por meio da elasticidade, mutabilidade e campo ampliado. “A grande instalação nos convida a pensar sobre a fragilidade da condição humana, as incertezas inerentes a condição da matéria, e a finitude de nossa existência. A fragilidade e perenidade da vida é exposta de maneira crua e direta. Densidade, massa, equilíbrio e harmonia, nada sobrevive ao poder da gravidade. Tudo está em queda livre”, define o curador Marco Cavalcanti.



Traçar uma transversal históricaO curador acrescenta, ainda, que a história dos objetos de três dimensões na arte é muito menor que a diversidade da pintura. “Podemos descrever a primeira em três importantes etapas de invenções: estatutária, escultura, objetos (ready-made) e instalações. O período da estatutária inicia na pré-história, indo até o século XIX. A escultura é invenção do século XX, no período modernista. Objetos e instalações são particularidades pós-modernas, que aparecem quase em paralelo a escultura”, informa. “O trabalho atual de Lourenço de Bem procura, com sucesso, traçar uma transversal em todo esse processo, já histórico”, ressalta.



Workshop com Lourenço de BemNo dia 06 de dezembro, quem tiver interesse em mergulhar mais a fundo nas criações de Lourenço de Bem poderá participar de workshop preparado especialmente para a mostra. A partir de visita interativa, o público poderá participar de conversa sobre a instalação e todo o processo criativo envolvido no projeto.A participação é gratuita, com horário a definir. As inscrições podem ser feitas diretamente no e-mail do artista, com o envio de nome completo e e-mail: lourencodebem@gmail.com.


Lourenço de Bem – saiba maisNatural de Porto Alegre (RS), o artista, de 67 anos, veio para a capital federal praticamente em sua fundação: em 1962. Isso significa que logo cedo ele visitou construções da cidade, entrou em contato com a arquitetura de Oscar Niemeyer e viu o plantio das primeiras árvores no Eixo Monumental. Lourenço de Bem, dessa maneira, não apenas cresceu com Brasília, como enriquece o rol de criadores a moldar a identidade cultural local.Filho do renomado artista modernista Glênio Bianchetti e da artista, educadora e fundadora da Escola Cresça, Dona Ailema, Lourenço de Bem nasceu em meio a fértil ambiente artístico. Isso proporcionou ao artista, desde a infância, a possibilidade de pesquisar e experimentar inúmeros materiais e técnicas em linguagens variadas, como desenho, pintura, gravura e escultura. Seus estudos o levaram a metodologias próprias a partir da utilização de materiais alternativos, em especial a massa de papel machê que, hoje, é usada também no trabalho de outros artistas.A primeira exposição de Lourenço de Bem, em 1977, foi ponto de partida para prolífica carreira que, desde então, nunca mais parou. Com currículo premiado e repleto de mostras por todo o Brasil, ele é também professor de arte e criatividade e, em 1989, inaugurou ateliê próprio, para se aprofundar em sua produção como pintor e escultor.

O Atelier Lourenço de Bem é um espaço de arquitetura peculiar, projetado pelo próprio artista, que proporciona um mergulho profundo nas artes e na natureza. Além de ser palco para as criações de Lourenço, abriga também aulas de pintura e outras linguagens artísticas, espaço gastronômico e eventos culturais – como exposições, palestras, shows ou performances. Um dos muitos projetos de impacto que acontecem no atelier é o 40 Horas de Arte, que reúne profissionais de artes visuais para refletir, incentivar e aguçar a crítica artística. Além disso, ao dar aulas de pintura e criatividade, Lourenço de Bem formou grupos de pintura como o Grupo Todos de Bem, Terra Tinteira e outros, com trabalhos expostos no Brasil e no exterior. No Atelier Lourenço de Bem, o artista exerce importante papel cultural, influenciando e formando novos talentos.  

Atelier Lourenço de Bem / saiba mais:
atelierlourencodebem.com
Instagram @atelierlourencodebem

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