Na última terça-feira (19), o vereador de São Paulo, Camilo Cristófaro (Avante), perdeu o mandado pela prerrogativa de quebra de decoro, após fazer um comentário racista em maio de 2022. Na ocasião, Cristófaro disse durante a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito dos aplicativos, na Câmara Municipal paulistana: “Eles lavaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?”.
Mas essa não é a primeira vez que o ex-vereador é envolvido em polêmicas . Ele já chamou um vereador negro de “macaco de auditório” e uma vereadora de “terrorista” e “vagabunda”.
Mas quem é Camilo Cristófaro?
Camilo Cristófaro, de 62 anos, é formado em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas, FMU, sendo portador da OAB número 117.131/SP. Foi fundador da “Juventude Janista”, aos 18 anos, sendo nomeado posteriormente como o único oficial de gabinete do prefeito Jânio Quadros — pessoa que ele acompanhou entre 1978 e 1990. Entre 1991 e 1992, atuou como Procurador do Estado de São Paulo.
Em 2000, Cristófaro assumiu a presidência da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), sendo nomeado pelo prefeito interino, Régis de Oliveira. No ano seguinte, foi Chefe de Gabinete da Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP). Na gestão de Marta Suplicy, ele assumiu o cargo de diretor da Prodam. Em 2007, durante a gestão de Antonio Carlos Rodrigues (PR), ele foi chefe de gabinete da presidência da Câmara Municipal, ficando no cargo até 2010. Em 2013, ele retorna ao cargo de chefe de gabinete, mas agora sob a gestão de José Américo (PT).
Apelidado de “Camilinho”, em 2016 ele foi eleito para o primeiro mandato como vereador em São Paulo. Ele havia ganhado notoriedade após a divulgação dos vídeos no Facebook indo contra uma suposta “indústria da multa” em SP. Desde o início da vida política, foi filiado do PFL (atual União Brasil), PL, PT, PSB e agora está no Avante.
Conhecido pelo temperamento explosivo, nas sessões do plenário da Câmara e em entrevista, Cristófaro costumava falar com o tom de voz alto.
Antes do caso que culminou na cassação do mandato, o ex-vereador já havia sido acusado de praticar outros dois atos de injúria racial. O primeiro foi contra o vereador Fernando Holiday (PL), em que Cristófaro o chamou de “macaco de auditório”. Ele também gravou um video criticado George Hato (MDB), e utilizou um gesto pejorativo na gravação, puxando os olhos com as mãos, fazendo referência a ascendência asiática do vereador.
Cristófaro possuí outra denúncia de agressão contra um funcionário da Câmara, de 62 anos , e ameaças a Hato. Ele também fez comentários sobre a ex-vereadora Isa Penna , dizendo que ela era “vagabunda” e “terrorista” , e chegou a ameaçar de dar “uns tapas” na ex-parlamentar.
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) já havia, em 2018, determinando a perda do mandato de Cristófaro após acusações de fraude na captação de recursos para a campanha. O Ministério Público Eleitoral informou que uma parte do dinheiro usado na campanha de Cristófaro foi captado de forma ilícita. Entretanto, a decisão foi revogada em 2020 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 2020, ele foi reeleito para o cargo de vereador de São Paulo, com 23,4 mil votos. Ele se tornou o primeiro vereador a ser cassado na história da Câmara Municipal por racismo . Dos 55 vereadores, a cassação foi aprovada por 47 favoráveis.
Fonte: Nacional