‘Quem nunca?’, diz executiva da Getty sobre a Síndrome da Impostora

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'Quem nunca?', diz Renata Simões, executiva da Getty Images sobre a Síndrome da Impostora
Divulgação/Getty Images

‘Quem nunca?’, diz Renata Simões, executiva da Getty Images sobre a Síndrome da Impostora

“Quem nunca?”, questionou Renata Simões, executiva da Getty Images & iStock, quando questionada pelo iG Delas se já havia passado pela chamada “Síndrome da Impostora”. A expressão foi usada pela primeira vez em 1978 pelas psicólogas norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Imes. Por meio de um estudo realizado com 150 mulheres que ocupavam posições de destaque, a dupla percebeu que, quanto mais respeitadas e bem-sucedidas eram, mais as mulheres se sentiam inseguras e acreditavam serem uma fraude.

Um levantamento mais recente, feito em 2020 pela consultoria de gestão KPMG, revelou que a Síndrome da Impostora abala a confiança de 75% das mulheres no mercado. Mas, para Renata, o sucesso implica defender com unhas e dentes as próprias ideias e se tornar autoridade em sua respectiva área, no caso dela, a criatividade. “É difícil encontrar espaço para nós nesse mercado, portanto, quando o encontramos, é necessário estar presente”, afirma ela. “Se os homens fazem isso o tempo todo, por que nós não podemos fazer?”.

Hoje, a executiva ocupa o cargo de Diretora de Criação das Américas na plataforma de banco de imagens. Neste ano, a companhia anunciou o lançamento de um recurso que permite criar imagens por meio de Inteligência Artificial (IA). Em entrevista ao iG Delas , Renata falou sobre carreira, mercado de trabalho na área da criatividade e até sobre IA. Você confere o bate-papo completo abaixo:

IG DELAS: Poderia contar para a gente um pouquinho da sua formação e trajetória profissional? Como foi o seu caminho até chegar ao cargo atual no Getty Images?

Renata Simões: Trabalho com marketing, comunicação e criatividade há mais de 20 anos. Na Getty Images & iStock, estou no departamento de “Conteúdo e Marketing” desde 2006. Em 2016, fui convidada para liderar nossa equipe de Colaboradores e Conteúdo Criativo na América Latina. Agora, meu cargo atual é o de Diretora de Criação das Américas.

Todos esses marcos são uma grande parte da minha carreira, mas, assim como todo mundo, ela foi feita com pequenos passos. Iniciei em 2000 como designer no Florida Institute of Education, em Jacksonville, na Flórida. Depois de me formar na Universidade do Norte da Flórida em Design Gráfico e Publicidade, me mudei para o Brasil em 2002 e, nos quatro anos seguintes, trabalhei na área criativa na agência de publicidade RBS, indo depois para a editora Grupo Domo, na qual trabalhei como diretora de arte para todas as publicações internacionais.

Você já passou pela chamada “Síndrome da Impostora”?

Quem nunca? Mas o importante é lembrar das nossas conquistas, nos valorizarmos, sermos confiantes e não deixar que o “medo” tome conta e se torne um bloqueio.

Quais dicas ou conselhos você daria a outras mulheres que aspiram a cargos de liderança na área de criatividade?

Defenda sua opinião e se faça presente! No início, é difícil encontrar espaço para nós mesmas nesse mercado, portanto, quando o encontramos, é necessário estar presente. Nós somos criativas, e mostrar nosso trabalho e nosso talento diariamente é uma das possibilidades para se fazer presente – nunca deixe que a “síndrome da impostora” se instale em você. Se os homens fazem isso o tempo todo, por que nós não podemos fazer? Mas, para isso, é necessário se dedicar, tornar-se especialista no assunto que lhe interessa e entender como se posicionar no mercado.

Atualmente, já se fala muito sobre os desafios éticos impostos pelo avanço da Inteligência Artificial, por exemplo, a manipulação de imagens ou vídeos, a criação de conteúdo falso, propriedade intelectual, golpes etc. Em sua opinião, que medidas poderiam ser tomadas para evitar ou mitigar esses desafios?

Primeiramente, é essencial estabelecer padrões éticos e legais claros para o uso da IA em contextos criativos. Isso inclui garantir que as ferramentas de IA respeitem os direitos de propriedade intelectual, obtenham consentimento dos detentores de direitos e sejam transparentes quanto aos dados utilizados. Além disso, a educação e conscientização sobre o uso ético da IA são fundamentais para profissionais e usuários em geral.

O que você tem a dizer sobre a ideia generalizada de que a Inteligência Artificial pode, no futuro, “roubar” empregos?

As pessoas têm feito essa pergunta toda vez que uma nova tecnologia é lançada. Tome o exemplo do celular com câmera: as pessoas pensaram que não precisaríamos mais de fotógrafos em eventos. Na verdade, vimos o oposto, com um grande influxo de tipos de conteúdo diferenciados, incluindo o conteúdo gerado pelo usuário. No final das contas, há uma diferença entre eu e você tirando fotos com nossos celulares, e fotógrafos profissionais capturando o mundo ao nosso redor. Acreditamos que o mesmo acontecerá com a IA.

Outra preocupação crescente em relação ao uso da IA é de que as ferramentas podem reforçar desigualdades e estereótipos, inclusive de gênero, devido aos bancos de dados que as alimentam. Como você vê essa realidade?

Para marcas preocupadas com essa questão, é válido se questionar: qual é o problema em utilizar pessoas reais se desejam comunicar emoções autênticas? A IA não é uma solução única para todos os casos, e as marcas precisam ser intencionais em como utilizam a tecnologia.

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Fonte: Mulher

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