De 01 a 07 de agosto acontece a #SMAM2023, Semana Mundial de Aleitamento Materno (WBW, na sigla em inglês). Organizada pela World Alliance for Breastfeeding Action (WABA, em inglês), a campanha atual terá foco na amamentação relacionada ao emprego/trabalho. A intenção global é mostrar o impacto da licença remunerada, do suporte à mãe no local de trabalho e das normas parentais emergentes sobre a amamentação.
Apesar da semana dedicada à amamentação, durante todo o mês de agosto o assunto estará em foco, começando justamente no dia 1º de agosto, dia mundial da amamentação.
No que se refere à pauta escolhida para 2023, Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra e Consultora Internacional de Lactação pela IBCLC, logo traz à discussão a questão da licença maternidade, que dura 4 meses para as mães, ao passo que a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o aleitamento materno engloba os 6 primeiros meses de vida do bebê. “Como podemos promover a amamentação se existe essa diferença entre a indicação da OMS e a lei trabalhista brasileira?”, provoca a especialista. “Sem contar as trabalhadoras informais que sequer têm licença maternidade”, arremata.
Para se ter uma ideia desse quadro, o estudo Ocupação Materna e Duração do Aleitamento Materno Exclusivo, de 2021, apurou que aproximadamente 64% das crianças nascidas de mulheres que não tinham trabalho remunerado foram amamentadas exclusivamente até que completassem 4 meses e 46% foram amamentadas até os 6 meses de vida. Apontou ainda que mães com jornadas de trabalho de 8 horas ou mais amamentaram menos seus filhos, até no máximo quarto mês.
Dessa forma, em coro com a #SMAM2023, Cinthia reconhece a necessidade de políticas públicas para promover, de fato, a amamentação, mas entende que as empresas privadas também podem contribuir de maneira autônoma com esse cenário. “Questões como flexibilidade para home office se for o caso, uma sala de apoio para ordenhar e armazenar leite, auxílio com profissional especializado no início da lactação e apoio no retorno ao trabalho para que não haja um desmame precoce são ações completamente possíveis”, sugere a consultora.
Dicas de ouro
Convicta de que as mulheres devem tentar manter a amamentação mesmo quando voltam ao trabalho, Cinthia compartilha uma lista de dicas para mães que vão enfrentar esse momento. “O leite tem uma função incrível que chamamos de imunomoduladora, que faz com que ele se adapte às necessidades nutricionais e imunológicas do bebê. Mas, para que seja possível continuar amamentando na volta ao trabalho, será necessário vencer vários obstáculos difíceis. Mas, vale cada gota, cada dificuldade vencida, cada desafio superado”, incentiva a consultora e enfermeira obstetra.
Quantas mamadas? Calcular aproximadamente quantas mamadas o bebê fará na sua ausência. Exemplo: se você se ausentará das 8h às 17h, o bebê em aleitamento exclusivo fará 3 mamadas nesse período;
Quantos ml? Para cada mamada, serão necessários aproximadamente 120 ml a 150ml (bebês de 1 a 6 meses, em aleitamento exclusivo). “Sabendo a quantidade diária que precisará, e o volume que consegue ordenhar a cada vez, você saberá a quantidade de ordenhas necessárias por dia para seu estoque”, indica Cinthia, acrescentando que os primeiros dias servirão como parâmetro, “porque a tendência do bebê é sempre mamar menos no copinho do que diretamente no seio”, conta.
Qual recipiente? Não utilizar a mamadeira, para que não haja confusão de bicos, isso é uma dica bem importante. Use copo aberto, copo 360, copo de transição com ou sem canudo. São opções que sustentam a amamentação a longo prazo, diferente da mamadeira.
E quando estiver em casa? É importante amamentar em livre demanda antes de sair e ao retornar, inclusive e principalmente durante a noite, quando a produção de prolactina é mais eficiente.
Quando ordenhar? A ordenha deve ser feita inicialmente em intervalos regulares, preferencialmente respeitando a rotina do bebê ao seio. O ideal seria 1 ordenha a cada 3 horas durante o período de ausência, se o bebê estiver em aleitamento exclusivo. Como armazenar e usar o leite? De preferência, deve ser congelado imediatamente. Se não for possível, deve ser levado à geladeira e congelado logo que chegar em casa. Para descongelar, sempre que possível, passar do freezer para a geladeira para ser um processo gradual, e tirar o gelo/aquecer levemente em banho maria.
Dica bônus: É importante ter um estoque como prevenção para os dias em que a ordenha não foi possível ou não tão efetiva.
Por fim, Cinthia reforça o caráter expansivo da campanha, que não tem a intenção de apenas instruir mulheres, mas, sim, de contextualizar toda uma sociedade a respeito da importância desse momento da vida da mulher e do bebê. “O Agosto Dourado tem a intenção de conscientizar as outras pessoas: o chefe, o amigo, o vizinho, os colegas de trabalho. São estes que precisam entender que também estão envolvidos, que fazem parte, que podem promover, cooperar e incentivar quem está passando por isso”, alerta a especialista.
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Fonte: Mulher