Estamos em setembro, o mês da Conscientização sobre a Alopecia Areata e muitos ainda têm dúvidas sobre o assunto, embora haja disseminação de informações em diversos meios. Sim, a queda capilar virou realidade e inclusive invade nossa realidade de forma constante.
Na novela “Vai na Fé”, último folhetim da Rede Globo da faixa das 19 horas, a personagem Marlene, vivida pela atriz Elisa Lucinda, confessou usar peruca para esconder as falhas dos fios que tinha desde a morte do marido. Recentemente, a influencer Virgínia Fonseca contou ao jornalista Léo Dias, no perfil Futrikei do Instagram, que teve essa doença inflamatória por conta de estresse na época da polêmica de sua base com a youtuber Karen Bachini, e muitos leitores ficaram intrigados.
“Sim, isso é muito comum! O estresse está entre os principais causadores de queda de cabelo. A ‘alopecia da qual ela se refere’ é uma patologia que chamamos de Eflúvio Telógeno (similar à queda de cabelo pós-covid, pós- bariátrica ou pós-parto)”, explica a tricologista Juliana Franzotti.
Segundo a especialista, o estresse gera um tipo de incoordenação na fisiologia
do crescimento de cabelo e, por isso, os fios caem. Essa queda surge em torno
de três a quatro meses após o gatilho. “O melhor tratamento é descobrir a
causa do gatilho e retirá-lo. No caso do estresse, o agente estressor tem que
ser remanejado. Além disso, ajustamos o padrão alimentar, qualidade do sono,
produtos e cuidados com cabelos somadas às intervenções que podemos fazer
sob o couro cabeludo, como a aplicação de laser e intradermoterapia com vitaminas”, enfatiza.
Moldura do rosto e da autoestima
Em um mundo onde a beleza ainda é valorizada e o autoamor também, as
madeixas são partes importantes de uma estima elevada. Por conta disso,
além do lado estético, a Alopecia deve ser vista como uma doença que
acomete o lado mental.
O empresário e cabeleireiro Luiz Crispim, que teve uma infância marcada pelo
cabelo raspado – e era alvo de bullying – hoje é chamado de “rei das soluções
capilares” por seus clientes porque sabe da importância de estar com a
“moldura do rosto” em dia. “Eu tenho carinho enorme pelos cabelos porque
cresci em uma comunidade muito pobre e lembro que, na escola, ficava com
feridas na cabeça por causa da infestação de piolhos. Isso era recorrente,
porque eu tinha uma mãe que teve paralisia na infância e não sabia nem tinha
os recursos para cuidar. Eu tive muitas doenças de couro cabeludo. Aos sete
anos, sofri bullying porque andava com a cabeça raspada e enfaixada e as
outras crianças achavam que eu era doente por conta disso e me excluíam.
Quando atendo hoje, me transporto para aquele menino, para as sensações epensamentos horríveis que tinha e percebo o que minha cliente está passando. Só quem vive, sabe”, relata Crispim.
À frente de um império chamado Lully Hair, o executivo não deixa de atender pessoalmente as clientes e, por isso, inaugura este mês mais um espaço além do salão localizado no Jardins. “Montei um complexo especial para atender principalmente as clientes oncológicas, que fica perto de hospitais de referência no tratamento no bairro do Morumbi, também na capital’, conta.
Se estresse é um grande causador da queda capilar, então, é viável afirmar
que o período pós-pandêmico faz o número de pessoas com Alopecia Areata
aumentar. O próprio Luiz expõe que teve queda de cabelo por conta do intenso
estresse vivido nessa época e que usa soluções capilares, algo cada vez mais
presente na vida dos homens – e extinguindo o mito de que apenas mulheres
buscam “se embelezar e se tratar”. “Na época do confinamento, tive que
diminuir o número de funcionários e me readequar, porque, com a pandemia,
tudo parou. Agora, retomamos com força total, até porque acusamos um
crescimento de pelo menos 20% no atendimento de queixas referentes à
queda de cabelo entre nossos clientes”, conta.
Trabalho que vai além da aparência
À frente da Lully Hair há 15 anos, Crispim comemora não apenas o seu
sucesso empresarial durante todo esse tempo, como também os inúmeros
sorrisos que já conquistou após os tratamentos de quedas capilares de seus
clientes. Assim como sugere a tricologista Juliana Franzotti, quanto antes o
gatilho for eliminado, mais eficiente fica o tratamento. “Ressalto que Eflúvio
Telógeno da Alopecia Areata é a queda de cabelo, enquanto a Alopecia
Androgenética (que seria a genética combinada à causada por hormônios) é a
perda de cabelo, ou seja, calvície feminina ou masculina. E níveis elevados de
cortisol, devido ao estresse, causam mais eflúvio e mais calvície”, aponta
Juliana.
Voltando ao ponto da “autoestima”, Luiz Crispim sabe que lidar com casos
assim vai além da técnica. “Quando a cliente chega aqui com histórico de
perda capilar, seja por qualquer motivo, ela está fragilizada, insegura e infeliz e
é minha obrigação mudar isso, da forma mais delicada, natural e orgânica
possível. Eu coloquei um propósito no meu coração, o de ajudar as pessoas, e
hoje luto demais e ajudo sempre que posso, porque tenho uma equipe, um
trabalho que envolve inclusive outras famílias, as dos meus colaboradores. e
tenho responsabilidades. Então, é claro, existe o trabalho social, mas existe
uma estrutura toda atrás disso e muitas responsabilidades”, finaliza.
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Fonte: Mulher