Hoje gostaria de falar aos que optam por caminhos diferentes: os empreendedores. Sendo mais específico, quero compartilhar minhas experiências com aqueles que tinham carreiras corporativas ou acadêmicas e decidiram empreender. Se enfrentaram um cenário parecido ao meu, posso presumir que foi difícil. E, no meu caso, os maiores complicadores foram minha insegurança e ansiedade. No começo, empreender era uma sensação parecida a de entrar no mar e sair nadando sem enxergar muito bem para onde eu estava indo.
Desde criança, por ver o meu pai empreender, sempre sonhei com isso. Era interessante demais para uma criança conversar e participar ativamente (na minha cabeça) dos desafios enfrentados pelo negócio dele. Problemas de fluxo de caixa, de pessoas, mercado, tecnologia, enfim, tinha acesso a toda dinâmica do negócio de uma forma muito lúdica. E sentia, na pele – ou melhor, nas condições materiais da nossa família -, o resultado do lucro ou prejuízo da empresa.
Com essa experiência infantil, a vontade de ter o meu negócio sempre me acompanhou. Porém, por ser um empresário de pequeno porte, o negócio do meu pai não me comportava e, assim, ao final da faculdade, comecei a procurar negócios para montar. Na época, idos dos anos 2006, meu conhecimento sobre o mercado das coisas era pequeno. E minúsculo também era o meu capital. Sem dinheiro para perder, sem renda e sem conhecimento de negócio, tive de mudar de rota. Comecei a dar aulas noturnas para Engenharia de Produção e pensar nos meus bicos durante o dia.
A primeira ideia na qual me lembro foi uma consultoria de Qualidade. Tinha aprendido um pouco sobre o tema na faculdade e um aluno das minhas aulas noturnas apareceu com uma oportunidade. Era um cliente pouco estruturado, de pequeno porte e baixo orçamento, mas que precisava implantar ISO 9001. Não tendo nada a perder, topei o desafio e passei a ir à empresa 2 vezes por semana por um valor bem baixo.
Hoje, olhando para o projeto, vejo o tamanho do meu amadorismo e da força de vontade. Nunca tinha implantado nada e gastava dois dias estudando para os dois dias trabalhados na empresa. Eram 4 dias de esforço, para pouco retorno. Depois de algum tempo, vi que isso não era sustentável e decidi procurar mais clientes.É triste, mas real, que o esforço para captação de novos clientes foi inútil. Não tinha o mínimo de habilidade interpessoal para realizar novas vendas e nem conhecimento. Para vender mais, dependeria de estabelecer novas relações, o que levaria tempo. Assim, pensei: será que valeria a pena investir tempo e esforço para essas novas relações? Como viveria até lá? Acabei desistindo do projeto e corri para o mestrado. Lá eu teria mais tranquilidade e alguma segurança para pensar no novo negócio.
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