Enfermeira negra que se dedicou a usuários da Cracolância durante pandemia é destaque de livro

São Paulo, 20 de novembro de 2023 – A enfermeira paranaense Eliana Cristina dos Santos, hoje radicada em São Paulo, é protagonista de uma história que mescla superação, coragem e solidariedade. Depois de perder o emprego de doméstica na casa de uma família para qual prestou serviços durante 16 anos, ela se viu abandonada pelo marido, com um filho de quatro anos para cuidar e parcelas da casa própria a vencer. De origem humilde e sozinha na capital paulista, Eliana enxergou no curso de Enfermagem uma esperança de dias melhores.

Depois da sonhada graduação, ela ainda conseguiu se dedicar a especializações em Urgência e Emergência, Saúde Mental e Dependência Química. Eliana explica que o que a motivou a estudar cada vez mais foi justamente o preconceito que encontrou ao longo do caminho. “É muito recente isso de uma mulher negra chegar a um cargo de liderança como o de enfermeira”, afirma. Sem medo do que vinha pela frente, a profissional acabou sendo chamada pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e alocada em uma vaga de atendimento a usuários na Cracolândia, no Centro de São Paulo, onde atuou por cinco anos.

“No primeiro dia, quando desci da ambulância, fiquei impactada com aquele monte de gente no chão. Mas não foi uma sensação de medo, e sim de ver a quantidade de pessoas que precisavam de cuidados. Na pandemia, foi ainda mais difícil. As pessoas me diziam: ‘pare de atender na rua. Você vai morrer!”, recorda. Ao sair da Cracolândia, através do programa Consultório na Rua, Eliana continuou prestando atendimento a usuários, ainda que fora da Região Central: debaixo de viadutos, em matas fechadas e às margens de rios. “Estar em locais de difícil acesso me proporcionou experiência e contribuiu para que eu explorasse a potencialidade das relações solidárias e do cuidado humanizado”, avalia.

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Criado em 2003, o Bolsa Família tem reconhecimento internacional no combate à pobreza

“O Bolsa Família ajuda a gente a sobreviver e possibilita que minha filha estude. Foi a melhor coisa que o governo fez. Quando uma mãe se encontra desamparada, mas sabe que vai se alimentar traz um problema. Meu maior medo era passar fome, mas graças ao programa nunca ficamos sem comer”, conta Keila Costa Silva Celestino, de 50 anos.

Como Keila explicou, essa é a intenção do Bolsa Família, considerada um dos principais programas de transferência de renda do mundo. Desde sua criação, tem um objetivo claro: reduzir a insegurança alimentar e a pobreza extrema no Brasil. Os anos se passaram e o Bolsa Família completou duas décadas nesta sexta-feira (20).

Para Maria José Lima de Souza, 42 anos, o programa mostra uma preocupação de mudar a vida de quem mais precisa. “Antes não olhei para o pobre, que ficou ao Deus dará. Estamos olhando para os mais humildes, que não tinham oportunidades”, afirma a senhora que é divorciada e mora em Sol Nascente (DF).

De família humilde, ela nasceu em Bom Jardim, interior do Maranhão, e mudou para a capital federal atrás de emprego. “Minha mãe comprou minha passagem para que eu pudesse trabalhar e ter uma vida melhor. Atualmente sou manicure. Com o Bolsa Família, meus filhos conseguem estudar para ter um emprego melhor. A minha filha de 19 anos quer fazer administração; já a de 15, quer ser enfermeira; e de 13, policial e advogado”, conta

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