Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer a cada ano entre 2023 e 2025. A estimativa é de um aumento de quase 13% com relação ao triênio anterior. Alguns fatores são preponderantes neste crescimento. Especialistas apontam que a população aumentou, envelheceu, e a idade é um dos elementos de risco. Além disso, o estilo de vida, pouco saudável com relação à alimentação e atividade física, também contribui para o aparecimento da doença.
Todos sabemos que no caso do câncer, o diagnóstico precoce é uma das ferramentas principais no sucesso do tratamento, por isso, o avanço da chamada medicina de precisão auxilia médicos de maneira constante nessa luta. Foi o que aconteceu com a fonoaudióloga Lilian Souto Miranda, que venceu um câncer de mama pela segunda vez e acaba de completar 40 anos de idade.
“Descobri que tinha câncer de mama do tipo hormonal aos 35 anos e já no estágio 4 da doença, mesmo com todos os exames em dia, porque eu fazia ultrassom todos os anos. Infelizmente, só tive acesso ao teste Onco-PDO depois de retirar os tumores que haviam voltado no meu fígado, porém, os resultados apresentados 21 dias após o exame, confirmaram que a quimioterapia que realizei foi pesada devido ao uso de um remédio que não era tão eficaz para o meu problema. Ou seja, quando meu oncologista me incluiu na pesquisa com o uso dos Organoides Derivados do Paciente, me apaixonei pela medicina de precisão, porque hoje entendo que, se tivesse feito esse procedimento antes, poderia ter recebido o medicamento mais assertivo para o meu caso”, conta.
É claro que vários fatores influenciam no sucesso do tratamento dos diversos tipos de cânceres, mas o acesso rápido à saúde está entre os mais importantes. Com os avanços da medicina, desde que realizado um diagnóstico precoce e específico para cada tumor, aumentam as chances de cura.
“Eu consegui ter 8 medicações testadas e encontramos duas que induziram à morte mais de 70% dos tumores, graças a Deus. Faço questão de divulgar minha experiência com o teste porque acredito que essa é uma informação de utilidade pública que pode ajudar muitas mulheres, principalmente. Até meu caso é inusitado, porque mesmo com os exames em dia e sem histórico de saúde tive a doença, então, quanto mais informação e recurso a gente tiver e espalhar, melhor”, disse Lilian.
O teste a que ela se refere é o Onco-PDO que permite a testagem de medicações em tumores criados em laboratório a partir de fragmentos ou células do tumor do paciente. “O método que já é usado na Espanha, Alemanha e Hong Kong está disponível no Brasil e possibilita ao paciente oncológico um tratamento mais assertivo. Geramos organoides a partir do tumor do próprio paciente e em laboratório podemos testar diferentes quimioterápicos, analisando a resposta dos organoides a cada tratamento”, explica Felipe Almeida, CEO da Invitrocue.
Para Leandro Moreno, Oncologista e Diretor Técnico da Oncoclínicas de Niterói, no Rio de Janeiro, esse avanço beneficia a todos. “A incorporação tecnológica é de fundamental importância para desenvolvimento de uma medicina de qualidade. Cada vez mais, temos testes que auxiliam na escolha do tratamento dos nossos pacientes oncológicos. Com a incorporação do Onco-PDO no Brasil, podemos especificar os efeitos de diversas terapias oncológicas, como quimioterapias, no tumor do paciente diretamente, ao invés de fazermos previsões acerca do melhor tratamento a ser realizado. Torna-se um movimento mais assertivo, que traz segurança ao paciente e ao médico, na escolha da melhor droga a ser empregada”.
Através desse método, as células do paciente são cultivadas e testadas contra diferentes drogas quimioterápicas e de terapia-alvo, analisando como respondem às diversas terapias. “Esse procedimento leva em conta que cada paciente é único, e isso ajuda o médico a traçar a melhor escolha para aquele paciente específico. Alguns tumores mostram-se resistentes a certos medicamentos e saber previamente as respostas das células tumorais do paciente aos diferentes tratamentos em laboratório contribui para a tomada de decisão dos médicos oncologistas. O benefício é que o Teste Onco-PDO permite verificar especificamente o efeito dessa terapia no tumor do paciente e trabalhar diretamente com as células vivas que formam o câncer em cada caso”, detalha Felipe.
Disponível no Brasil para câncer de mama, pulmão, colorretal, pancreático, gástrico, próstata e ovário, o Teste Onco-PDO permite que o médico escolha 8 de 60 drogas para testagem e o resultado demonstrará como as células responderam em laboratório. O relatório, gerado em até 21 dias, fornece informações de como os organoides derivados do paciente reagiram aos diferentes tratamentos testados.
De acordo com o diretor, esse teste traz a inovação em utilizar o organoide, que é o modelo de cultivo celular que melhor representa diversas características do tumor in vivo. “Ao invés de testar em animais, testamos nos organoides em laboratório obtendo respostas precisas a cada aplicação, assim, ao invés de submeter o paciente a um protocolo extremamente agressivo que envolve até cinco estágios de luta contra o câncer, oferecemos informação sobre como a célula reagiu a cada tratamento, optando por encurtar o caminho objetivando eficiência em menos tempo. Com o teste é possível gerar ao médico um relatório com a resposta dos diferentes tratamentos em porcentagem de morte celular”, finaliza.
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Fonte: Mulher