À primeira vista, pode parecer surpreendente que uma sala sensorial
para autistas seja financiada por meio de uma lei de incentivo à cultura
Por Juarez Pituba*
O projeto “Toque, Veja, Sinta: Estimulando os Sentidos, Transformando Vidas”, aprovado na Lei
Rouanet com um valor de R$ 2.229.000,00, é um exemplo emblemático de como iniciativas
culturais podem transcender o entretenimento e se tornar ferramentas poderosas de inclusão
e transformação social.
À primeira vista, pode parecer surpreendente que uma sala sensorial
para autistas seja financiada por meio de uma lei de incentivo à cultura. No entanto, essa
iniciativa demonstra como o conhecimento técnico e a criatividade podem unir áreas
aparentemente distintas, como cultura e saúde, para gerar impactos profundos na sociedade.
A Lei Rouanet, criada em 1991, é uma das estratégia de captação de recursos que pode ser usada
por: pessoas físicas; coletivos informais; OSCs Organizações da Sociedade Civil – associações,
institutos, ONGs, sindicatos, fundações, etc –; prefeituras; câmara de vereadores; secretarias
municipais e estaduais. É um dos principais mecanismos de fomento à cultura no Brasil. Por meio
dela, empresas e pessoas físicas podem direcionar parte do Imposto de Renda devido para
projetos culturais previamente aprovados pelo Ministério da Cultura. Embora muitas vezes
associada a espetáculos de teatro, música e exposições de arte, a lei também abre espaço para
projetos que utilizam a cultura como meio de promover inclusão, educação e bem-estar social.
O projeto “Toque, Veja, Sinta” é um exemplo disso. Ao criar uma sala sensorial voltada para
pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ele utiliza elementos culturais e artísticos
para estimular os sentidos, promover a comunicação e melhorar a qualidade de vida dos
participantes. A sala é projetada para oferecer experiências multissensoriais, como luzes, sons,
texturas e aromas, que ajudam no desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças e adultos
autistas.
Como um Projeto como esse é Viabilizado?
A pergunta que muitas pessoas fazem é: como um projeto aparentemente voltado para a saúde
pode ser enquadrado na Lei Rouanet? A resposta está na capacidade de conectar a cultura a
objetivos sociais mais amplos. No caso de “Toque, Veja, Sinta”, a sala sensorial não é apenas um
espaço terapêutico, mas também um ambiente que utiliza a arte e a cultura como ferramentas
de estímulo e expressão. A música, as cores, as formas e os materiais utilizados são
cuidadosamente selecionados para criar uma experiência cultural imersiva, que beneficia
diretamente os participantes.
Além disso, o projeto inclui atividades como oficinas, workshops e eventos abertos à
comunidade, que ampliam seu alcance e impacto. Essas ações não apenas promovem a inclusão
de pessoas com autismo, mas também sensibilizam a sociedade para as necessidades desse
grupo, contribuindo para a construção de uma cultura mais inclusiva e diversa.
O Papel do Conhecimento Técnico na Elaboração de Projetos
A viabilização de projetos como “Toque, Veja, Sinta” depende, em grande parte, do
conhecimento técnico de quem os elabora. É necessário entender não apenas as regras e os
requisitos da Lei Rouanet, mas também como conectar os objetivos do projeto às diretrizes
culturais e sociais previstas na legislação. Isso envolve uma análise detalhada do público-alvo,
dos benefícios gerados e da forma como o projeto se alinha às políticas públicas de cultura e
inclusão.No caso da sala sensorial, por exemplo, foi essencial demonstrar como a experiência
multissensorial proposta poderia ser enquadrada como uma ação cultural, mesmo tendo um
forte componente terapêutico. Isso exigiu criatividade, planejamento e uma visão ampla dos
impactos que o projeto poderia gerar. Esta é a proposta do Grupo Capta Brasil, formado por um
coletivo de profissionais de várias áreas do conhecimento que têm como propósito a promoção
da qualidade de vida das pessoas através das estratégias de captação de recursos.
Impacto Social e Econômico
Além dos benefícios diretos para as pessoas com autismo e suas famílias, projetos como esse
têm um impacto significativo na economia e na sociedade. Eles geram empregos, movimentam
setores como o de construção civil, design e tecnologia, e contribuem para a formação de
profissionais especializados. Além disso, ao promover a inclusão, eles ajudam a reduzir estigmas
e preconceitos, criando um ambiente mais acolhedor e diverso.
O projeto “Toque, Veja, Sinta” é um exemplo inspirador de como a cultura pode ser uma aliada
poderosa na promoção da inclusão e da transformação social. Ele mostra que, com
conhecimento técnico, criatividade e visão estratégica, é possível desenvolver iniciativas que
vão além do entretenimento e geram impactos reais na vida das pessoas. Em um país como o
Brasil, onde a diversidade cultural é uma de suas maiores riquezas, projetos como esse são
essenciais para construir uma sociedade mais justa, inclusiva e humana.
Portanto, a próxima vez que ouvirmos falar de um projeto cultural que parece “diferente”, vale
a pena olhar além da superfície. Por trás de cada iniciativa há um universo de possibilidades,
que pode transformar vidas e inspirar mudanças profundas. A cultura, afinal, não é apenas uma
expressão artística – é também uma ferramenta poderosa de transformação social.
*Juarez da Costa Pituba Júnior – Instagram @juarez_pituba_jr
Componente do Grupo #CaptaBrasil
Consultor em Cidades Inteligentes
Especialista em Captação de Recursos
Administrador e Contador 71 993576069 whatsapp