Muitas vezes disfarçada de cuidado e proteção, a violência patrimonial é agressiva e ainda pouco denunciada. A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) recebeu cerca de 22 mil denúncias de violência patrimonial no primeiro semestre de 2022 no Brasil – uma média de 44 mil ao ano. Enquanto, quando falamos de violência física, o número de mulheres que declararam tê-la sofrido ao longo de 2022, sobe para 7,4 milhões, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A realidade passou a ser escancarada nas últimas horas devido ao relato da atriz Larissa Manoela que contou sua experiência negativa devido ao controle dos pais em relação aos seus bens. A violência patrimonial é mais comum do que se imagina, e está diretamente relacionada à retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos, documentos, bens, direitos ou recursos econômicos de uma pessoa. Identificá-la, no entanto, nem sempre é fácil. A psicóloga e mentora de mulheres Najma Alencar dá 5 dicas de como avaliar se determinada relação é abusiva e se você está em um caso de violência patrimonial.
Alerta para a justificativa da “administração”
“Muitas vezes a pessoa abusadora, seja o marido, os pais ou outrem, usa da justificativa que está administrando os recursos familiares para a partir disso impedir que a mulher tenha acesso a eles. No entanto, administrar é diferente de reter e não permitir que essa mulher saiba quanto há ou o que está sendo feito com o dinheiro, por exemplo. Para convencê-la, é comum o abusador afirmar que ela não é capaz, que é descontrolada financeiramente e que é melhor que apenas ele tenha acesso aos bens e recursos”, afirma Najma.
Observe a agressividade em outros posicionamentos
“Grande parte das pessoas violentas em relação ao patrimônio demonstram sua agressividade também em outros aspectos da relação, como a violência verbal e psicológica, com insultos e ofensas para ferir a vítima. Além disso, o controle financeiro se extrapola e a violência patrimonial acontece em tom de ameaça ou punição com danos a objetos, como quebra de aparelhos celulares e ocultação ou destruição de documentos”, explica a mentora.
Pedido de autorização: posso?
“A restrição financeira é quando o abusador começa a colocar limite nos recursos da vítima para que ela precise pedir autorização para tudo o que quiser adquirir, o que gera uma dependência muito grande. Essa dependência começa com o controle financeiro e segue para as proibições de necessidades básicas, como despesas com alimentação e medicamentos, por exemplo”, diz Najma.
Manipulação emocional e necessidade de controle
“Não é raro, ainda, o abusador distorcer a situação quando a vítima questiona sobre as finanças e dizer para ela que ela não confia mais nele. Ele também mina a confiança dela aos poucos, até mesmo de forma sutil, como ao afirmar que ela não tem habilidade com matemática. Tudo confirma outro aspecto muito comum nas relações abusivas: a disputa de poder, elemento sempre presente em relacionamentos assim, uma vez que o abusador tem necessidade absoluta de controle”, completa Najma.
Você sente mais medo ou é mais feliz?
“Embora seja realmente difícil para a vítima se enxergar nesse cenário em um primeiro momento, ela deve estar atenta aos sinais e ser sincera consigo mesma. Pergunte-se: ‘você está vivendo o melhor do seu relacionamento?’ Quando há mais presença do medo do que da sensação de felicidade, é muito provável que você esteja em uma relação abusiva ”, conclui a especialista que desenvolve um trabalho único para a conquista da independência e da liberdade emocional da mulher. Por meio de recursos e técnicas resolutivas, propõe caminhos singulares que passam pela autoestima, autoconfiança e são a resposta para o alcance do empoderamento feminino transformador, aquele que vai além do discurso.
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Fonte: Mulher