A amamentação é uma fase essencial não apenas para o desenvolvimento saudável do bebê, mas também para a saúde a longo prazo da mãe. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o risco de surgimento de câncer de mama é 22% menor em mulheres que já amamentaram, em comparação com outras que nunca amamentaram. Essa proteção pode chegar a 26%, caso o período de amamentação tenha sido de, pelo menos, um ano.
Ainda de acordo com a SBP, mesmo se essas mulheres desenvolverem câncer de mama e forem submetidas a cirurgia, as que amamentaram por mais de 6 meses têm um risco aproximadamente 3 vezes menor de morrer pela doença, comparadas àquelas cujo histórico de amamentação tenha sido menor do que 6 meses. Ou seja, a amamentação, além de prevenir o surgimento do câncer de mama, aumenta a sobrevida de mulheres com essa doença.
Por que isso acontece?
Hélio Pinczowski, médico oncologista especializado em câncer de mama do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC), explica que, nesse período, há uma menor produção de hormônios femininos que estão associados ao risco de desenvolver câncer de mama. Além disso, na amamentação, as células mamárias se renovam o tempo todo, eliminando células com material genético danificado ou com chances de se transformarem em células cancerígenas.
“A questão da amamentação é importante por alguns motivos: 1) ela interrompe o ciclo menstrual e, portanto, durante alguns meses, não há exposição do tecido mamário ao ciclo hormonal. 2) Durante a amamentação, há uma certa descamação, uma retirada de uma série de células à medida em que o que o ato vai ocorrendo, e isso elimina as células ruins ou com potencial de se transformarem em doença maligna”, explica o oncologista.
Pinczowski também reforça que existem outros favores que podem contribuir para reduzir os riscos de câncer de mama, como evitar o tabagismo e o sobrepeso e praticar atividades físicas. Ele ainda acrescenta: “Quem nunca amamentou e nunca teve uma gestação tem um risco maior? Sim, risco! Mas isso não quer dizer que aquela mulher que nunca amamentou e nunca teve um filho terá, com certeza, câncer de mama”.
Existe um jeito certo para amamentar? Especialista dá dicas
“Existe o que a gente chama de ‘pega correta’, que seria um encaixe mais adequado do bebê na mama da mulher. Você vai observar se esse bebê está alinhado ao seu corpo, com a barriga virada para a sua barriga, com a coluna toda retinha para que a cabeça não fique desalinhada. E você vai encaixar a boquinha do bebê, fazendo com que o queixo dele encoste na auréola”, explica a educadora perinatal e doula Susana Moscardini.
“E uma coisa que muita gente pensa muito é: ‘Vou colocar o bebê para que ele consiga abocanhar o meu mamilo e consiga mamar da melhor forma possível’. E na verdade, não é o mamilo que o bebê abocanha, é a aréola. Muitas vezes, a fissura começa daí, com essa pega que fica muito na pontinha do mamilo e acaba machucando”, complementa ela.
Susana ainda lista dicas para tornar esse momento mais satisfatório para a mãe e o bebê: “Ter um suporte de pessoas que te incentivem para que você não precise se preocupar com outras coisas além da amamentação, escolher um ambiente mais calmo e escolher uma boa almofada de amamentação, o que no início vai ser muito importante justamente para dar sustentação a esse bebê, fazendo com que ele não ceda e se separe do peito. Além disso, muitas mulheres costumam se projetar para frente para fazer com que o peito chegue na boquinha do bebê. E na verdade, é o bebê que tem que ir em direção à mama”, esclarece.
Fonte: Mulher