A cantora Wanessa Camargo, participante da atual edição do Big Brother Brasil, contou aos brothers que precisou realizar uma cirurgia para tratar um quadro de endometriose e assim conseguir engravidar.
Principal causa de infertilidade feminina, a doença, apesar de não ter cura, pode ser controlada e a intervenção cirúrgica é uma das opções terapêuticas, sendo normalmente indicada quando não há resposta ao tratamento clínico ou quando a doença atinge estados muito avançados, causando dor intensa, por exemplo.
“O tratamento cirúrgico da endometriose é realizado por meio da videolaparoscopia, procedimento minimamente invasivo que visa retirar os focos de endometriose, melhorando a anatomia dos órgãos reprodutivos e diminuindo o efeito inflamatório da doença no funcionamento desses órgãos”, diz Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. O médico explica que, ao remover os focos da endometriose, a cirurgia pode realmente contribuir para melhorar da fertilidade.
“Isso porque, na endometriose, as células do endométrio, mucosa que reveste a parede do útero, não expelidas durante a menstruação se espalham pelo aparelho reprodutivo e atrapalham a implantação do embrião fecundado”, explica o especialista.
“A cirurgia pela qual ela passou é uma cirurgia de endometriose, uma endometriose acometendo, pelo que eu entendi do artigo, uma área muito específica chamada septo-reto-vaginal. O septo-reto-vaginal é um espaço que existe onde o fundo posterior da vagina, o finalzinho do útero ali, onde ele se insere na vagina, que é a área retrocervical, ou seja, atrás do colo do útero, o fundo da vagina e a parede anterior do reto se encontram. Às vezes, a endometriose pode se albergar nessa região e aí, nesse ponto, ela pode ganhar um caráter infiltrativo”, esclarece Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra, médico associado à FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
No entanto, é importante que a cirurgia de endometriose seja muito bem indicada, pois, em alguns casos, pode ser um problema para mulheres que ainda desejam engravidar. “O procedimento pode causar um impacto importante na fertilidade, pois, dependendo da abordagem, a videolaparoscopia pode reduzir em até 70% a reserva ovariana, que reflete o estoque de óvulos da mulher”, alerta o Rodrigo Rosa.
“O objetivo do procedimento é a remoção dos focos de endometriose. No entanto, no caso de retirada de endometriomas, que são cistos de endometriose nos ovários, a cirurgia pode causar danos, por exemplo, ao tecido ovariano, assim resultando na perda dos folículos ao redor e, consequentemente, na diminuição da reserva ovariana”, ressalta Rosa.
Então, é fundamental que a indicação do tratamento seja individualizada caso a caso. “Por exemplo, a intervenção cirúrgica pode não ser indicada para pacientes que já possuem baixa reserva ovariana, que pode ser avaliada através do ultrassom transvaginal e do exame de hormônio anti-mülleriano (AMH)”, exemplifica Rosa.
A indicação clínica da cirurgia, em primeiro lugar, é a infertilidade, diz o ginecologista Alexandre Pupo. Em segundo lugar, o quadro de desconforto abdominal, dor, alterações evacuatórias, que podem fazer com que a paciente perca qualidade de vida e altere o dia a dia dela, nesses períodos pré-menstruais e menstruais, fazendo com que ela busque o tratamento cirúrgico para amenizar os sintomas. “Em casos extremos, onde você tem afilamento das fezes ou, eventualmente, até a oclusão do intestino, aí você tem uma indicação absoluta de operar, porque você precisa desobstruir o tubo intestinal, ali na região do reto. Então, essa é uma indicação formal de cirurgia”, alerta.
De qualquer maneira, para mulheres que serão submetidas ao procedimento e desejam engravidar posteriormente, é sempre aconselhado que preservem a fertilidade através do congelamento de óvulos para garantir a possibilidade de gravidez no futuro. “O congelamento de óvulos, também conhecido como criopreservação, consiste no congelamento dos óvulos em nitrogênio líquido na temperatura de -196°C, o que inativa seu metabolismo sem prejudicar sua viabilidade”, explica Rodrigo Rosa.
Dessa forma, mesmo que a reserva ovariana da mulher seja afetada pela cirurgia, ainda existe a possibilidade de gravidez através da Fertilização In Vitro, considerada o tratamento de fertilidade mais eficaz para mulheres com endometriose. “Na Fertilização in Vitro, os óvulos anteriormente congelados são fecundados com espermatozoides em laboratório para a formação de um embrião, que, ao alcançar certo estágio de desenvolvimento, é transferido para o útero da mulher”, detalha Rosa.
Rodrigo Rosa ainda afirma que mulheres com endometriose em um relacionamento estável também podem optar por congelar embriões no lugar dos óvulos. “Congelar o embrião permite que saibamos com antecedência sua qualidade, o que nos dá uma chance mais aproximada da realidade em termos de prognóstico de gravidez, o que não é possível com o congelamento de óvulos”, diz o especialista, que afirma que a desvantagem dessa opção é que o embrião pertence ao casal. “Então se houver uma separação no futuro, a mulher não poderia transferir os embriões. E precisa chegar a um acordo com o ex-parceiro para saber o destino desses óvulos fecundados.”
Rodrigo Rosa ressalta que, seja com embriões ou óvulos congelados, as taxas de sucesso da Fertilização In Vitro em mulheres com endometriose são as mesmas de quando o procedimento é realizada por outros motivos. “Logo, a Fertilização In Vitro é um excelente método para aumentar as chances da paciente com endometriose de ser mãe biológica”, finaliza.
Saiba mais sobre moda, beleza e relacionamento. Confira as notícias do iG Delas!
Fonte: Mulher